Rodolfo Martinez Borrel
CCR Ponte;
Andréia Pereira Escudeiro
UFF
Um dos principais serviços oferecidos ao usuário da Ponte Rio-Niterói, por meio do contrato de concessão firmado com a CCR Ponte, é o atendimento pré-hospitalar de excelência. Por meio da experiência adquirida pelas equipes médicas ao longo dos 17 anos de contrato, a concessionária constatou que havia uma descontinuidade na qualidade do atendimento médico prestado ao usuário vítima de acidente de trânsito quando este era deixado nas unidades públicas de saúde, onde normalmente ocorre a continuação de seu tratamento.
Além disso, nos últimos anos a CCR Ponte vinha recebendo grande demanda proveniente de diversas entidades acadêmicas, médicas e da sociedade em geral, para realização de palestras voltadas à prevenção de acidentes ou treinamentos práticos de atendimento a vítimas de trânsito.
A CCR Ponte e UFF – Universidade Federal Fluminense, através do seu Núcleo de Ensino e Pesquisa em Urgências (NEPUr-UFF), uniram-se em um projeto que tem a finalidade de eliminar esta descontinuidade, estruturando ações para complementação técnica em atendimento a urgências dos profissionais de saúde das unidades públicas que atendem o entorno da Ponte Rio-Niterói. Leigos também foram abrangidos no projeto com o objetivo de conscientização e melhoria da conduta quando em cena de acidentes. O projeto chama-se “Laboratório de Urgência”.
One of the mainservicesoffered to the userof theRio-Niterói Bridge, through the concession agreementsigned withCCR-Ponte, is theprehospital careexcellence. Through theexperience gained bymedical teamsalong the 17-year contract, the licensee stated that there wasadiscontinuity in thequality of careprovidedto the uservictim ofa traffic accidentwhen he wasleft inpublic health units, whereusuallyoccurscontinuation oftreatment.
Moreover, in recent years theCCR Pontehad been receivinggreat demandfrom variousmedical and academic institutions, and societyin general, forlecturesaimed ataccident prevention andpractical trainingof care forvictims oftraffic.
The CCR-Ponte andUFF(UniversidadeFederalFluminense), through its Center for Teachingand Research inEmergency(NEPUr-UFF), joinedin a project thataims toeliminatethis discontinuity, structuring actionsto complementtechnicalassistance toemergency,of healthunitsserving thepublicaround theRio-Niteroi Bridge. Lay peoplewere alsocoveredin the projectwith the aim ofimprovingawareness andconduct whileon the sceneof accidents.The projectis called "Laboratory of Emergency"
1. Introdução e a concepção do projeto
A CCR Ponte e a UFF – Universidade Federal Fluminense, conceberam um projeto que visa, por meio da cooperação técnica das partes, promover a capacitação e educação continuada de profissionais das unidades públicas de saúde do entorno da Ponte Rio-Niterói, alunos de graduação e pós-graduação, para atendimento de urgências, com o intuito de promover a redução da morbimortalidade relacionada a acidentes de trânsito ocorridos na área da concessão, trazendo ainda ganhos para a sociedade em geral, com a prevenção de acidentes junto à comunidade lindeira e usuários da rodovia.
O projeto foi concebido para ter capacidade de realização de 9 (nove) palestras mensais com um público-alvo de 30 (trinta) pessoas, atingindo, assim, 270 (duzentas e setenta) pessoas por mês, aproximadamente, entre profissionais de saúde e leigos.
Outra vertente do projeto, é o desenvolvimento de pesquisas com os dados epidemiológicos das vítimas dos incidentes mais frequentes na Ponte Rio-Niterói para determinar o perfil de morbimortalidade da Ponte Rio-Niterói, comparando-o com os dados nacionais, bem como de pesquisas em campo tendo como temática principal os incidentes em trânsito e a partir do resultado destas pesquisas, propor melhorias para o atendimento pré-hospitalar e para a prevenção de acidentes de trânsito, como por exemplo: confecção de material de resgate, reestruturação física das rodovias e adequação de utensílios de contenção.
2. O desenvolvimento do projeto
Para a execução do objeto do projeto, foi assinado em 02 de Setembro de 2011 o convênio formal entre CCR Ponte e UFF – Universidade Federal Fluminense. A assinatura do evento contou com ampla cobertura da imprensa do Rio de Janeiro, como apresentado na Figura 1.
Figura 1 – Matérias no jornal “O Globo” de Setembro de 2011.
Com a assinatura do convênio, foi dado início ao projeto com a realização das seguintes atividades preliminares, voltadas ao planejamento detalhado do projeto, ao alinhamento operacional entre as partes (CCR Ponte e UFF), e à aquisição dos equipamentos e materiais necessários para os treinamentos técnicos ministrados no projeto:
Dentre os materiais e equipamentos adquiridos, destacam-se os equipamentos médicos importados, específicos para os treinamentos técnicos e a ambulância, apresentados nas figuras 2, 3 e 4.
Figura 2 – Equipamentos adquiridos para os treinamentos técnicos
Figura 3 – Equipamentos adquiridos para os treinamentos técnicos
Figura 4 – Caminhão MB709 adquirido para ambulância de treinamento do projeto
A fase de treinamentos técnicos e palestras efetivamente foi iniciada em dezembro de 2011 e está transcorrendo em ritmo bastante satisfatório, sempre com grande procura dos diversos públicos-alvo do projeto.
Até o mês de julho de 2012, foram promovidos pelo Laboratório de Urgência 56 eventos, com a participação de 1908 pessoas, resultando em uma média de 34 participantes por evento ao longo dos 7 (sete) meses transcorridos das atividades de treinamento e capacitação.
A relação das palestras e treinamentos realizados consta da tabela 1, apresentada a seguir.
Tabela 1 – Palestras e treinamentos técnicos realizados até 17 de julho de 2012
DATA |
ASSUNTO |
LOCAL |
PALESTRANTE |
PÚBLICO |
PRESENTES |
26/12/2011 |
Prevenção de acidentes e atendimento inicial a vítima |
Ponte |
Andreia Escudeiro |
Leigos |
51 |
26/12/2011 |
TCE e TCM |
Ponte |
Andreia Escudeiro |
Profissionais de saúde |
54 |
27/12/2011 |
Abordagem das vias aéreas |
Ponte |
Andreia Escudeiro |
Profissionais de saúde |
41 |
24/01/2012 |
Arritimias cardíacas |
Ponte |
Robson Damião |
Profissionais de saúde |
24 |
24/01/2012 |
Gerenciamento de desastres |
Ponte |
Andreia Escudeiro |
Profissionais de saúde |
28 |
26/01/2012 |
Prevenção de acidentes |
Ponte |
Wilber Moreira |
Profissionais de saúde |
23 |
26/01/2012 |
TCE E TRM |
Ponte |
Renato Escudeiro |
Profissionais de saúde |
39 |
27/01/2012 |
Abordagens de Vias aéreas no pré-hospitalar |
Ponte |
Júlio Araújo |
Profissionais de saúde |
39 |
10/02/2012 |
Trauma de tórax e trauma de abdômen |
Ponte |
Andreia Escudeiro |
Profissionais de saúde |
40 |
14/02/2012 |
Resgate e transporte de vítima |
Ponte |
Renato Escudeiro |
Profissionais de saúde |
47 |
14/02/2012 |
Arritmias cardíacas |
Ponte |
Robson Damião |
Profissionais de saúde |
45 |
24/02/2012 |
Choque |
Ponte |
Júlio Araújo |
Profissionais de saúde |
41 |
24/02/2012 |
Analgesia no APH |
Ponte |
Júlio Araújo |
Profissionais de saúde |
43 |
28/02/2012 |
Queimadura |
Ponte |
Wilber Moreira |
Profissionais de saúde |
59 |
28/02/2012 |
Prevenção de acidentes |
Ponte |
Wilber Moreira |
Profissionais de saúde |
35 |
28/02/2012 |
Abordagem inicial a vítima de trauma |
Ponte |
Wilber Moreira |
Profissionais de saúde |
31 |
29/02/2012 |
Queimadura |
Ponte |
Wilber Moreira |
Profissionais de saúde |
12 |
29/02/2012 |
Atendimento inicial à vítima de trauma |
Ponte |
Wilber Moreira |
Profissionais de saúde |
22 |
08/03/2012 |
TCE e necessidades especias |
Ponte |
Renato Escudeiro |
Profissionais de saúde |
27 |
08/03/2012 |
Transporte e rolamento |
Ponte |
Andreia Escudeiro |
Profissionais de saúde |
18 |
08/03/2012 |
Trauma de extremidades |
Ponte |
Andreia Escudeiro |
Profissionais de saúde |
20 |
19/03/2012 |
Gravidez e complicações |
Ponte |
Wilber Moreira |
Profissionais de saúde |
23 |
21/03/2012 |
Distúrbios hidroeletrolíticos |
Externo |
Andreia Escudeiro |
Profissionais de saúde |
23 |
27/03/2012 |
Arritmias cardíacas |
Externo |
Andreia Escudeiro |
Profissionais de saúde |
59 |
27/03/2012 |
Infarto agudo do miocárdio |
Externo |
Andreia Escudeiro |
Profissionais de saúde |
58 |
10/04/2012 |
Trauma abdominal |
Ponte |
Robson Damião |
Profissionais de saúde |
9 |
10/04/2012 |
Trauma de tórax |
Ponte |
Robson Damião |
Profissionais de saúde |
9 |
13/04/2012 |
Cinemática do trauma |
Ponte |
Wilber Moreira |
Leigos |
28 |
17/04/2012 |
Edema agudo de pulmão |
Ponte |
Andreia Escudeiro |
Profissionais de saúde |
28 |
20/04/2012 |
Gravidez e complicações |
Ponte |
Andreia Escudeiro |
Profissionais de saúde |
29 |
26/04/2012 |
Hipertensão intracraniana |
Ponte |
Renato Escudeiro |
Profissionais de saúde |
23 |
26/04/2012 |
Crise convulsiva |
Ponte |
Renato Escudeiro |
Profissionais de saúde |
25 |
27/04/2012 |
Transporte de acidentados |
Ponte |
Andreia Escudeiro |
Profissionais de saúde |
29 |
27/04/2012 |
Lesões de extremidades |
Ponte |
Andreia Escudeiro |
Profissionais de saúde |
29 |
05/05/2012 |
Extricação |
Ponte |
Wilber Moreira |
Leigos |
36 |
05/05/2012 |
Suporte básico de vida |
Ponte |
Wilber Moreira |
Profissionais de saúde |
43 |
08/05/2012 |
Ritmos Fatais e Síndrome coronariana aguda |
Ponte |
Robson Damião |
Profissionais de saúde |
18 |
14/05/2012 |
Atendimento inicial à vítima de trauma |
Ponte |
Wilber Moreira |
Leigos |
36 |
15/05/2012 |
Curso avançado de trauma Módulo I |
Ponte |
Wilber Moreira |
Profissionais de saúde |
51 |
15/05/2012 |
Curso avançado de trauma Módulo II |
Ponte |
Andreia Escudeiro |
Profissionais de saúde |
51 |
18/05/2012 |
Curso avançado de trauma Módulo III |
Ponte |
Wilber Moreira |
Profissionais de saúde |
56 |
18/05/2012 |
Curso avançado de trauma Módulo IV |
Ponte |
Wilber Moreira |
Profissionais de saúde |
56 |
19/05/2012 |
Abordagens de VAS/ manhã |
Ponte |
Júlio Araújo |
Profissionais de saúde |
38 |
19/05/2012 |
Abordagens de VAS/tarde |
Ponte |
Júlio Araújo |
Profissionais de saúde |
30 |
22/05/2012 |
Trauma de abdômen |
Ponte |
Wilber Moreira |
Profissionais de saúde |
43 |
22/05/2012 |
Trauma de tórax |
Ponte |
Wilber Moreira |
Profissionais de saúde |
43 |
08/06/2012 |
Treinamento da equipe da Nepur (PESSOAL DA UFF) |
Ponte |
Júlio Araújo |
Profissionais de saúde |
17 |
16/06/2012 |
Abordagem inicial à vítima de trauma |
Ponte |
Wilber Moreira |
Profissionais de saúde |
18 |
16/06/2012 |
Prevenção de acidentes |
Ponte |
Wilber Moreira |
Profissionais de saúde |
19 |
16/06/2012 |
Oficinas |
Ponte |
Wilber Moreira |
Profissionais de saúde |
18 |
23/06/2012 |
curso de Aphe e outros |
Ponte |
Wilber Moreira |
Profissionais de saúde |
38 |
25/06/2012 |
Neuro Pediatria I e II |
Ponte |
Renato Escudeiro |
Profissionais de saúde |
40 |
05/07/2012 |
TRM E TCE |
Ponte |
Renato Escudeiro |
Profissionais de saúde |
49 |
14/07/2012 |
Curso introdutório de atendimento pré-hospitalar |
Ponte |
Júlio Araújo |
Leigos |
25 |
17/07/2012 |
Biossegurança na emergência |
Ponte |
Robson Damião |
Profissionais de saúde |
36 |
17/07/2012 |
Curso Avançado de trauma |
Ponte |
Robson Damião |
Profissionais de saúde |
36 |
|
|
|
TOTAL |
1908 |
Outra etapa importante do projeto está sendo levada a efeito: pesquisas em campo, tendo como temática principal os incidentes em trânsito e o atendimento às vítimas de traumas. Dentre as pesquisas realizadas no período, podemos citar as seguintes:
• Avaliação do Atendimento Pré-Hospitalar Brasileiro:
Objetivo: Analisar o atendimento pré-hospitalar (APH) brasileiro, levando em consideração as particularidades dos Estados e comparar com modelos de outros países, destacando os prós e contras do sistema de APH no Brasil.
Resultados: Através da leitura de artigos observa-se que o sistema de APH no Brasil não é unificado, contendo cada Estado sua particularidade. O modelo praticado no estado do Rio de Janeiro e de São Paulo são os que mais se assemelham ao modelo inicial proposto, baseado no sistema francês. Percebe-se, também, que diferentemente dos Estados Unidos da América, no Brasil não há a profissão de paramédico, o APH brasileiro é feito por profissionais da área da saúde como médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.
Conclusão: O sistema de APH preconiza o atendimento rápido, preciso e eficaz visando à redução dos danos secundários ao trauma, dependente de um modelo bem estruturado. Na organização do sistema devem ser considerados fatores como: demografia, aspectos socioeconômicos, investimento em saúde, entre outros. Ainda há dúvidas sobre qual é o melhor modelo de organização dos sistemas de urgências no Brasil e no mundo, porém a necessidade de padronização é incontestável. Existem várias particularidades entre os modelos praticados no Brasil e todos apresentam, em geral, bons resultados, porém ainda deve-se obter um modelo único para reduzir erros e aumentar a eficácia do sistema.
• Principais Mecanismos de Lesão Encontrados na Ponte Presidente Costa e Silva
Objetivo: Indicar os principais mecanismos de lesão encontrados na Ponte, no ano 2011.
Resultados: A preponderância de eventos foi na faixa etária entre 25-34 e 35-44 anos correspondendo a 7,71%, percentual a princípio baixo, porém justificado pelo fato de que em 85% dos casos não foi informada a faixa etária. Do total das vítimas compreendendo 0 a superior a 75 anos, houve 0,073% de óbitos, 12,77% feridos e 87% saíram ilesos. No resultado parcial, ao se contabilizar o perfil de vítimas por mecanismos de trauma, percebeu-se que a quantidade mais significativa se deu por colisão traseira com 51,41%, e a menos significativa por tombamento, com 0,34%. Aquela apresentou 0,14% de vítimas mortas, 9,28% de feridas e 90,58% de ilesas, e essa demonstrou 0,0% de vítimas mortas, 42,86% de feridas e 57,14% de ilesas. Além disso, percebeu-se um total de 0,19% de vítimas mortas, 12,80% de feridas e 87,01% de ilesas frente a todos os mecanismos de trauma encontrados em 2011.
Conclusão: Verificou-se que o principal mecanismo de trauma é a de colisão traseira, possuindo o maior número de vítimas ilesas; que a queda de moto é o mecanismo que possui maior número de feridos e que o atropelamento é o que possui maior número de óbitos. Quanto aos dias de semana, destacam-se a sexta e o sábado como os dias em que ocorre o maior número de acidentes. Estes dados estão sendo trabalhados pelo laboratório de urgências (Núcleo de Ensino e Pesquisa em Urgências) NEPUr/CCR para que se possa chegar em um valor absoluto quando comparados ao fluxo neste trajeto, idade dos usuários, período de maior ocorrência, entre outros, para que se possa traçar um perfil da realidade estudada. Através desta análise inicial esperamos contribuir para o incentivo de ações de promoção da saúde e prevenção do trauma, assim como proporcionar a partilha de conhecimentos, tanto com a sociedade, como com a comunidade científica, através da publicação de trabalhos científicos.
• Atendimento Pré-Hospitalar à Criança: Estamos Preparados?
Objetivo: Avaliar as opções de capacitação em Atendimento Pré-Hospitalar (APH) pediátrico para o profissional da área médica na Região Sudeste.
Resultados: Das oito Sociedades pesquisadas, três oferecem cursos de suporte de vida em pediatria, mas não preenchem os outros critérios. Das 75 instituições de ensino pesquisadas, sete apresentam a disciplina de APH e, destas, somente uma aborda o atendimento pediátrico, entretanto, não abrange urgências clínicas. Quanto aos cursos de extensão oferecidos, cinco contemplam as urgências pediátricas, e um deles preenche todos os critérios da pesquisa, porém não é voltado para o profissional da área médica. Foram encontrados ainda um curso de pós-graduação e uma residência médica em emergência, além de disciplinas de primeiros socorros em quatro faculdades de medicina.
Conclusão: As opções de capacitação em APH pediátrico para o profissional médico são insuficientes na Região Sudeste. Apesar da crescente valorização do APH no nosso meio, maior atenção deve ser dada à capacitação do profissional quanto à urgência pediátrica, visando oferecer um atendimento cada vez mais completo à população.
• A Abordagem das Vias Aéreas pelo Enfermeiro na Emergência: O Que é Permitido?
Objetivo: Reconhecer as limitações legais do profissional enfermeiro no atendimento intra e pré-hospitalar de emergência sobre a abordagem de vias aéreas, e fazer um levantamento dos mecanismos e procedimentos que podem ser utilizados e realizados pelo mesmo no atendimento intra e pré-hospitalar de emergência, relacionado à abordagem de vias aéreas.
Resultados: A resolução COFEN 375/2011, determina que a assistência de enfermagem destina-se ao atendimento pré-hospitalar e inter-hospitalar, em situações de risco conhecido ou desconhecido, somente deve ser desenvolvida na presença do Enfermeiro. Outra resolução importante é o COFEN-358/2009. No Artigo 4º. do CFM, dentre as atividades privativas do médico destacamos a “indicação da execução e execução de procedimentos invasivos, [...] IV – intubação traqueal. Procedimentos permitidos para a abordagem de vias aéreas pelo enfermeiro: abertura da via aérea, aspiração, elevação do decúbito do paciente, suplementação de oxigênio por catéter nasal, máscara ou funil de 02, medidas de controle da via aérea e manobras de ventilação como a utilização da máscara laríngea, dispositivos com bolsa máscara e pocket mask.”
Conclusão: O enfermeiro tem um papel fundamental para a sobrevida de uma vítima que necessite de cuidados para manter a sua via aérea patente, por isso, deve atuar no atendimento intra e pré-hospitalar de acordo com a lei. Realizar treinamento e adquirir competências para a utilização de mecanismos como a máscara laríngea, e somente dar suporte ao médico nos procedimentos invasivos como na intubação orotraqueal.
Os resultados obtidos nas pesquisas indicaram a importância de incluir novos temas na grade dos cursos ministrados pelo Laboratório de Urgência, bem como permitiram o desenvolvimento de novas técnicas e propostas de algorítimos de acesso a vias aéreas pelo médico e pelo profissional de APH não médico.
Vários estudos realizados pelo Laboratório de Urgência foram aprovados para serem apresentados no World Trauma Congress 2012 (Congresso Mundial de Trauma) que acontecerá entre 22 e 25 de agosto de 2012 no Rio de Janeiro, a saber: “Intubação Orotraqueal Integrada a Aspiração das Vias Aéreas Superiores”, “Proposta de Algorítmo para Abordagem de Via Aérea no Setor de Emergência”, “Manobra De Sellick: Usar Ou Não Usar?”, “A Abordagem Das Vias Aéreas Pelo Enfermeiro Na Emergência: O Que É Permitido?”, “Atendimento Pré-Hospitalar à Criança: Estamos Preparados?”, “Principais Mecanismos De Lesão Encontrados Na Ponte Presidente Costa E Silva”, “Federal Fluminense University and Ponte S.A: A Emergency Laboratory Development”, “Avaliação do Atendimento Pré-Hospitalar Brasileiro”, “Núcleo de Ensino e Pesquisa em Urgências e Concessionária Ponte Rio-Niterói Unidos No Combate ao Trauma”, “Aplicações da Cetamina na Emergência”, e “Analgesia no Atendimento Pré-Hospitalar”.
Desta forma, o Laboratório de Urgência já tem trazido benefícios às vítimas de trauma em acidentes de trânsito, com a capacitação dos profissionais em áreas do atendimento pré-hospitalar não abrangidas pelas instituições regulares de ensino.
Está em andamento ainda o levantamento do perfil atual de morbimortalidade na Ponte Rio-Niterói, com base em dados pesquisados nos registros históricos da concessionária, os quais serão confrontados com os dados nacionais a partir dos programas RIPSA (Rede Interagencial de Informações para Saúde), SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade) e SIH/SUS (Sistemas de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde).
Outro tipo de pesquisa, ainda não iniciado devido à necessidade de prévio registro no Ministério da Saúde, o qual já está em andamento, será o acompanhamento das vítimas de trauma no ambiente intra-hospitalar, que será realizado por 28 (vinte e oito) dias, a fim de identificar qualquer agravo à saúde que ocorra neste período e que possa ser relacionado ao acidente de trânsito.
Considerações Finais
O projeto tem tido amplo interesse por parte dos diversos públicos envolvidos, indicado pela grande procura pelas inscrições e pela cobertura que a imprensa local tem dado ao laboratório de urgência.
Embora ações de conscientização tenham resultados apenas a longo prazo e difíceis de mensurar, certamente o projeto já iniciou sua contribuição para a redução de acidentes e para o aprimoramento técnico dos profissionais de saúde que recebem vítimas de acidentes de trânsito.
Os próximos passos do projeto são: obter o registro das pesquisas intra-hospitalares realizadas pelo projeto junto ao Ministério da Saúde, tornando tais pesquisas oficiais, iniciar as pesquisas de acompanhamento intra-hospitalar e propor alterações nos treinamentos técnicos resultantes da observação dos resultados das pesquisas.