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Volume 4 Número 2 - Novembro de 2012
ISSN: 2177-6571

Reportagem

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UM NOVO MODELO PARA SE CONHECER O TRANSPORTE TERRESTRE BRASILEIRO

Em parceria com UFF e UFES, ANTT prepara um novo Modelo de Gestão da Informação e do Conhecimento em Transportes Terrestres

É possível quantificar o número de acidentes que ocorrem por ano em áreas urbanas nas rodovias federais concedidas? E o total de usuários do transporte interestadual em linhas com extensão entre 600 e 1.000 quilômetros? Qual o investimento realizado por trecho, no último triênio, na malha ferroviária concedida? E o percentual de multas pagas em relação àquelas aplicadas no transporte rodoviário de cargas nos últimos cinco anos? Responder perguntas como estas parece ser simples. Mas não é. E obter respostas a estas indagações é fundamental para que a Agência Nacional de Transportes Terrestres possa tomar decisões estratégicas que tragam melhorias aos serviços prestados. Por isso, a Agência Nacional de Transportes Terrestres idealizou o Banco de Informações de Transportes Terrestres (BITT), com o objetivo de estruturar um sistema corporativo de informações técnicas, de forma a garantir a confiabilidade e a unicidade das informações, que, mais tarde, evoluiu para a construção de um Modelo de Gestão da Informação e do Conhecimento (MGIC) em Transportes Terrestres, em conjunto com a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), parceiras da Agência nessa iniciativa. “Esse modelo representa a construção de uma espécie de BITT ampliado, associando a um modelo de gestão do conhecimento, projetos que, normalmente, acontecem nas organizações de forma isolada”, explica o gerente executivo da SUEPE/ANTT, Felipe Freire da Costa.

Segundo identificado pela própria ANTT, o setor de transportes brasileiro carece de uma sistemática de coleta, análise e divulgação contínua de suas principais informações técnicas. Isso requer procedimentos que associem tecnologia a métodos voltados à gestão da informação. Desta forma, sistemas de informação integrados que atendam a estes princípios seriam capazes de oferecer suporte à ação da Agência Reguladora e atuar como estruturadores efetivos do processo de tomada de decisão.

O projeto MGIC tem como um dos objetivos estabelecer informações consistentes para a tomada de decisão, o que traz benefícios não apenas para a Agência e seus colaboradores, mas, também, para o cidadão e usuários dos serviços de transporte terrestre. “Entre os principais problemas identificados na Agência e que motivaram a realização do projeto, destacamos a existência de informações conflitantes e redundantes; integração insuficiente entre as informações de diferentes Unidades Organizacionais, o que também foi observado entre a sede e as unidades regionais; análise crítica da informação ainda não é realizada de maneira sistemática; conhecimento disperso e de difícil acesso; inexiste uma sistematização da análise de dados e informações como subsídio ao processo decisório; e desconhecimento quanto aos bens de informação estratégicos para o negócio, seu fluxo, sua estrutura, formalização semântica e conhecimentos relacionados”, avalia o professor da UFF Carlos Alberto Malcher Bastos, coordenador-geral do projeto.

A ANTT se motivou a levar adiante o projeto por se preocupar com o fruto do trabalho que desenvolve em prol do transporte terrestre. Coube à própria Agência a autoanálise sobre o cumprimento da sua missão como ente regulador. Por exemplo, o mercado está sendo regulado eficientemente? A fiscalização está sendo feita de forma adequada? As informações que chegam à Agência são precisas e têm qualidade? O processo de análise do impacto regulatório está sendo conduzido de forma eficaz e eficiente? A ANTT faz uso da abordagem factual para tomada de decisão? Os princípios da administração pública, previstos no artigo 37 da Constituição Federal, estão sendo plenamente seguidos, sobretudo aqueles relacionados à publicidade (transparência) e à eficiência (agilidade e qualidade)? E, principalmente, como o trabalho na Agência pode ser aperfeiçoado continuamente? Estas reflexões balizaram a construção do escopo do projeto.

O tema central em questão – a gestão da informação e do conhecimento – é interdisciplinar, razão pela qual a Universidade se configura como o parceiro ideal para a condução do projeto, uma vez que reúne competências e saberes múltiplos, em diferentes áreas do conhecimento.  Segundo Malcher, “a abrangência e a relevância do tema despertaram o interesse da equipe de pesquisadores, professores e discentes da UFF. Assim como seu aspecto inovador, seu potencial de indução, desenvolvimento e de acompanhamento de pesquisas resultantes, além da possibilidade efetiva de contribuição estratégica para o desenvolvimento do setor de transportes no país”, relata o professor.

O trabalho está sendo realizado de forma sistemática. Nos últimos meses, analistas e coordenadores efetuaram estudos e levantamentos, analisaram documentos, visitaram quatro Unidades Organizacionais (Ouvidoria, Superintendência de Marcos Regulatórios – SUREG, Coordenadoria Especial de Processamento de Autos de Infração e Apoio às Juntas Administrativas de Recursos de Infrações – COESP e Superintendência de Exploração de Infraestrutura Rodoviária – SUINF) e interagiram com as lideranças, os gerentes e os colaboradores, por meio de entrevistas, aplicação de questionários, leitura de documentos internos e externos, observação e visitas de campo, de modo a completar as etapas previstas de preparação, coleta, mapeamento e modelagem nestas Unidades. “A passagem da equipe em cada Unidade resulta na construção de modelos parciais da ANTT. Estes modelos são organizados por Bens de Informação, classificados no Ciclo da Regulação e compostos de fluxo de informação, casos de uso de negócio, modelo de dados, mapeamento dos conhecimentos, competências e profissionais e modelos de ontologia”, esclarece a Profa. Maria Luiza Sanchez, coordenadora técnica da equipe de requisitos. Os resultados desta etapa estão documentados nos Relatórios Técnicos e Gerenciais entregues, separadamente, para cada Superintendência e Unidade Organizacional.

A construção deste MGIC demonstra o processo de mudança institucional que vem ocorrendo na Agência, que requer a estruturação de um modelo de informação que dê suporte à sua atuação. “Considerando-se que informação é o principal insumo para a regulação, surge com clareza a percepção da importância de se balizar o desenvolvimento de sistemas de informação consistentes com um modelo de informação da Agência, pautados por um referencial estratégico para a atuação da ANTT. Esse sistema deve corresponder ao modelo de gestão proposto à Agência, sendo, ao mesmo tempo, fator de indução da mudança comportamental e estruturador efetivo do processo de tomada de decisão”, analisa o então superintendente da SUEPE, Fernando Reis. Ele acredita que a cultura gerencial que se busca para a ANTT deve ser baseada, por um lado, na objetividade e na consistência das informações e, por outro, na definição de padrões que permitam o fluxo destas entre diferentes atores. “Tais informações devem permitir estruturar o conhecimento a respeito das demandas da sociedade, do desempenho da Agência e relacionadas ao impacto das ações da ANTT”, resume o coordenador técnico da equipe de transportes, Prof. Marco Caldas.

O coordenador geral do projeto, Prof. Malcher observa que o MGIC é um modelo customizado e adequado às necessidades próprias da ANTT. “A idéia é que o produto contribua para o atendimento dos princípios da administração pública”. A Agência está proporcionando o desenvolvimento de um modelo inédito em termos de benefícios para a sociedade brasileira, bem como para o desenvolvimento da pesquisa no Brasil. Modelos de gestão de informação e do conhecimento estão sendo implementados recentemente no mundo. Exemplos são o Departamento de Transporte do Texas nos Estados Unidos e o próprio Banco Mundial, como enfatiza do Prof. Marco Caldas.

A ANTT enxerga na construção deste modelo de informação e conhecimento um grande ganho. Não há garantia de sucesso, mas, segundo a entidade, projetos dessa natureza não geram ganhos apenas pelo seu resultado final. “Tão ou mais importante que o modelo a ser construído é a oportunidade de entender melhor a Agência sob as múltiplas óticas do MGIC. Esse entendimento não se dará pela leitura dos relatórios produzidos, e sim pela participação no dia-a-dia do projeto, assimilando conhecimentos relacionados não apenas às etapas da metodologia de trabalho, como também aprofundando o saber sobre o negócio da ANTT”, finaliza o gerente executivo Felipe Freire da Costa.

 

Bem de Informação:

conjunto identificável de dados que possui valor reconhecido para os propósitos da ANTT e que, após coletado e validado, deve ser tratado e armazenado, para posterior recuperação e disseminação às entidades interessadas.

 

Quanto aos próximos desafios, resume Malcher: “a transformação do projeto em benefícios reais e contínuos para a Agência, a influência positiva do MGIC nas atividades da ANTT e a criação de uma cultura perene de gestão da informação e do conhecimento são os desafios a serem enfrentados, o que dependerá do comprometimento de todos, em especial da liderança, com a implementação das melhorias priorizadas e a construção coletiva dos métodos, ferramentas e técnicas recomendadas”.

A Revista

A Revista ANTT é uma publicação eletrônica técnico-científica de periodicidade semestral, criada com a finalidade de divulgar o conhecimento na área de Transportes Terrestres para o público em geral, provocando o intercâmbio de informações. O público-alvo é composto por servidores, colaboradores, meio acadêmico, setor regulado, outros órgãos públicos e profissionais da área.

Entrevistados

  • Edição da Revista:
    Volume 3 Número 2
    Novembro de 2011
  • Josias Sampaio Cavalcante Júnior
    Diretor-Presidente da VALEC
    Edição da Revista:
    Volume 5 Número 1
    Julho de 2013
  • Mário David Esteves Alves
    REFER TELECOM
    Edição da Revista:
    Volume 4 Número 1
    Maio de 2012
  • Luiz Pinguelli Rosa
    Presidente do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas
    Edição da Revista:
    Volume 4 Número 2
    Novembro de 2012
  • Luís Henrique Baldez
    Presidente Executivo da ANUT
    Edição da Revista:
    Volume 3 Número 2
    Novembro de 2011
  • Marcelo Perrupato
    Secretário Nacional de Políticas de Transportes
    Edição da Revista:
    Volume 3 Número 1
    Maio de 2011
  • Paulo Sérgio Oliveira Passos
    Ministro dos Transportes
    Edição da Revista:
    Volume 2 Número 2
    Novembro de 2010
  • José Roberto Correia Serra
    Diretor presidente da CODESP
    Edição da Revista:
    Volume 2 Número 1
    Maio de 2010
  • Bernardo José Figueiredo Gonçalves de Oliveira
    Diretor Geral da Agência Nacional de Transportes Terrestes - ANTT
    Edição da Revista:
    Volume 1 Número 1
    Novembro de 2009
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